A FIV é a técnica original do “bebê de proveta”, sendo provavelmente o procedimento de reprodução assistida mais amplamente praticado no mundo. Em termos simples, a técnica promove a remoção de vários óvulos do ovário, fertilização (união do óvulo com o espermatozoide formando o embrião) em laboratório e transferência do/dos embriões selecionados para o útero.

Embora a FIV tenha sido desenvolvida para tratar casais cuja principal causa de infertilidade era lesão tubária, foi posteriormente constatado que a técnica é útil também nos casos de endometriose, de distúrbios do esperma (espermatozoides em número baixo ou com má formação) e mesmo de infertilidade não explicada (infertilidade sem causa aparente).

Em resumo: após estimulação hormonal controlada por um período de 10 a 12 dias, a paciente é encaminhada ao centro cirúrgico para a aspiração do líquido folicular ovariano contendo os óvulos. Na FIV clássica colocamos os óvulos maduros aspirados em uma placa de cultivo, juntamente com os espermatozoides capacitados, em meio de cultura propício para que ocorra a fertilização espontânea destes óvulos pelos espermatozoides. A placa de cultivo contendo os óvulos e espermatozoides fica incubada a 37 graus Celsius por 12 a 18 horas (tempo necessário para que ocorra a fertilização).

Para a realização desta técnica, é necessário sêmen com concentração entre 5 e 10 milhões por mililitro de ejaculado pós-processamento, com morfologia e motilidade normais.

As principais indicações para esta técnica são:
– Fatores tuboperitoneais
– Fator masculino moderado e grave
– Três ou mais falhas de ciclos de Inseminação Intra-Uterina (IIU)
– Infertilidade sem causa aparente (ISCA) (duração >3 anos ou idade da mulher >35 anos)
– Endometriose moderada e avançada (Grau 3 ou 4)
– Baixa reserva ou insuficiência ovariana prematura
– Necessidade de exame genético do embrião (PGS e PGD)
– Casais sorodiscordantes
– Útero de substituição (Gestação solidária ou “Barriga de Aluguel”)
– Casal homoafetivo
– Falhas de tratamentos prévios de baixa complexidade

Passos da FIV
1) ESTIMULAÇÃO OVARIANA CONTROLADA
Fármacos denominados gonadotrofinas são empregados para estimular o crescimento dos folículos e provocar a maturação dos óvulos.

2) MONITORIZAÇÃO FOLICULAR E ENDOMETRIAL
Acompanhamento ao ultrassom transvaginal para medir o crescimento dos folículos e endométrio, adequando a dosagem dos medicamentos e prevenindo o aparecimento de efeitos colaterais. Ocasionalmente complementamos com dosagem dos hormônios em uma amostra de sangue.

3) SINCRONIZAÇÃO
Quando um ou mais folículos tiverem alcançado o tamanho 17 – 18 mm, a complementação da maturação do óvulo é induzida com o emprego de um fármaco (alfacoriogonadotropina ou hCG urinário). Em 34 a 36 horas após a administração do hCG a maturação oocitária terá ocorrido.

4) COLETA DOS ÓVULOS
A coleta dos óvulos é feita sob sedação, orientada por ultrassom transvaginal. A aspiração do líquido folicular contendo o óvulo é realizada com uma agulha de punção, que perfura o folículo. Esta agulha é acoplada a um tubo de ensaio coletor. Este é levado imediatamente ao laboratório para a avaliação da presença dos óvulos.

5) PROCESSAMENTO SEMINAL
Uma amostra de esperma é preparada no laboratório. Quando usamos sêmen do parceiro, esse costuma ser coletado no mesmo momento em que os oócitos estão sendo captados. Havendo algum impedimento, essa amostra pode ser coletada com antecedência e ser criopreservada até o dia da FIV. Nos casos em que faremos uso do banco de sêmen, esse material previamente selecionado estará criopreservado.

6) FERTILIZAÇÃO
Óvulos e espermatozoides selecionados são mantidos juntos, em meio de cultura apropriado, dentro de uma incubadora especial que reproduz o ambiente similar ao da tuba uterina. Um dos espermatozoides penetra o óvulo e ocorre a fertilização.

7) TRANSFERÊNCIA DOS EMBRIÕES
A transferência transvaginal do(s) embrião(s) selecionado(s), pode ser a fresco (realizada três a cinco dias após a fertilização) ou em um outro ciclo. Essas decisões são baseadas em critérios médicos (como nível de Progesterona, espessura endometrial, suspeita de síndrome de hiperestímulo ovariano, entre outros) e desejo do casal (casos em que optam pelo estudo genético do embrião).
O procedimento em si, é simples e indolor em 90% dos casos. Existem alguns casos em que a paciente sente uma pequena de cólica devido à passagem do cateter guia pelo colo do útero. Embriões excedentes viáveis serão criopreservados.

8) TESTE DE GRAVIDEZ
A dosagem do Beta-hCG será realizada 10 e 12 dias após a transferência dos embriões.

Probabilidades de Sucesso
Estudos indicam que a expectativa de gravidez após um ciclo de tratamento é de aproximadamente 40 a 65 por cento (dependendo da idade da paciente e da possível causa da infertilidade), sendo que a probabilidade de levar a gestação até o final é ligeiramente menor.