Indução da ovulação é um termo que se refere a ovulação obtida pelo uso de medicamentos. Esses medicamentos podem ser administrados como comprimidos ou como uma série de injeções de gonadotrofinas.

O objetivo desse tratamento é estimular os ovários para que ocorra o crescimento/desenvolvimento de um ou mais folículos. Após o recrutamento e crescimento dos folículos, o passo seguinte no caminho da gestação é a liberação do oócito maduro, para que esse “encontre” o espermatozoide e a fertilização ocorra. A fertilização, após a Indução da Ovulação pode se dar por uma relação sexual natural (Coito Programado-CP) ou por Inseminação Intra-Uterina (IIU).

A dose e o tipo de medicamento a ser utilizado para indução da ovulação vai depender de características individuais de cada paciente (idade, peso, reserva ovariana, condições associadas, causa da infertilidade, entre outras) e da técnica proposta para a fertilização que virá a seguir.

Todo o processo é monitorado através de Ultrassom Transvaginal, realizado a cada 2 a 3 dias. Em alguns casos, associamos dosagens hormonais a esse controle.

A gravidez múltipla é um risco sempre que a ovulação é induzida com medicamentos para a fertilidade. Na concepção natural, não assistida, o risco é aproximadamente de uma em oitenta; na indução da ovulação é de cerca de uma em vinte. Não existe aumento de risco de defeitos congênitos por qualquer dos medicamentos para induzir a ovulação.

Medicamentos utilizados
Citrato de clomifeno
Medicamento mais comumente usado na indução da ovulação para Coito Programado (CP). O citrato de clomifeno é utilizado diariamente (um ou dois comprimidos) durante cinco dias, a partir do segundo dia da menstruação. A dose inicial geralmente é de 50 miligramas, podendo ser aumentada para 100 miligramas.

Gonadotrofinas
Os preparados de gonadotrofina são derivados de fontes urinárias humanas (urina de mulheres menopausadas) ou obtidos sinteticamente por engenharia genética (recombinantes). Esses preparados fornecem FSH e LH em quantidades variadas e são administrados por meio de injeções subcutâneas (sob a pele).

O tratamento com gonadotrofina geralmente começa alguns dias após o início de um período menstrual. As mulheres que não estão menstruando devem ser monitoradas por ultrassom, podendo ter o ciclo menstrual induzido por um tratamento com progesterona ou com uso de pílula anticoncepcional hormonal oral.

A dose a ser administrada, bem como a escolha da gonadotrofina varia de uma paciente para outra e vai depender também de como os ovários respondem ao tratamento, muitas vezes exigindo ajustes durante o controle da estimulação.

Monitoração do Tratamento
O tratamento de indução da ovulação permite que as mulheres com infertilidade hormonal ovulem normalmente e tenham a oportunidade de conceber naturalmente. É crucial para seu sucesso, entretanto, que a relação sexual seja realizada em coincidência com a ovulação obtida pelo tratamento (Coito Programado). A monitoração da resposta ao tratamento é, portanto, uma parte vital do programa, a fim de serem maximizadas as probabilidades de uma gravidez bem sucedida e minimizados quaisquer riscos. A monitoração cuidadosa evitará o desenvolvimento de muitos óvulos, desse modo reduzindo as probabilidades de uma gravidez múltipla e o desenvolvimento da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO). Um ciclo de tratamento pode ser suspenso se existir o risco de ocorrência de qualquer dessas duas condições.

O melhor modo de monitorar a resposta dos ovários é por ultrassom via transvaginal onde veremos quantos folículos estão crescendo em cada ovário. Cada folículo deve conter um óvulo, sendo considerado pronto para a ovulação quando atinge um diâmetro de pelo menos 17 – 18 mm. Ao mesmo tempo, o endométrio se espessa, preparando-se para receber um embrião, devendo atingir uma espessura de pelo menos 7 milímetros no momento da ovulação.

Muitas vezes complementa-se a monitoração da ovulação com dosagens dos níveis de hormônios no sangue. Os níveis de estrogênios indicam como os folículos estão crescendo. Apenas o ultrassom, porém, pode revelar quantos eles são.

Na metade de um ciclo natural sadio, a hipófise secreta um pico do hormônio luteinizante (LH), o qual estimula o maior folículo (folículo dominante) a ovular (liberar seu óvulo). Esse processo natural é imitado no tratamento de indução da ovulação. Nesse caso, quando os ovários apresentarem um ou mais folículos maduros (17 – 18 mm de diâmetro) a paciente fará a injeção de outro hormônio, a Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG). O HCG leva entre 34 a 36 horas para agir, assim, se ele for dado de manhã, a ovulação pode ser esperada durante a tarde e noite do dia seguinte, período no qual o casal será orientado a manter relações sexuais (nos casos de Coito Programado) ou quando será feita a IIU, nos casos em que essa estiver indicada.